Proposta de Grade Curricular Básica Pré-IA, pensada para formar humanos antes de formar usuários para prompts e redes sociais
Estamos propondo um esboço de uma Grade Curricular Básica Pré-IA, criada para formar humanos antes de formar usuários para prompts e redes sociais — uma escola capaz de preparar crianças e adolescentes para conviver com a inteligência artificial sem perder a inteligência humana. Essa proposta nasce da pedagogia freiriana, da neurociência afetiva e da ecologia do conhecimento: aprender com o corpo, com o outro e com o mundo. É, ao mesmo tempo, um projeto e manifesto — uma recusa ao velho tripé “quadro, professor, aluno” que ainda estrutura o ensino como se o tempo tivesse parado no giz. Afinal, se uma IA responde a uma prova de 90 questões do CNU/FGV em dois minutos, enquanto um humano leva seis horas, o problema não está no aluno — está no modelo, na lógica educacional capitalizada e punitiva que mede mérito pela memória e não pela experiência. Essa proposta nasce de um dado incômodo: o modelo atual está em colapso. Segundo a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis/OCDE 2024), professores brasileiros trabalham mais, ganham 47% menos que a média da OCDE e gastam mais de 20% do tempo de aula tentando manter a disciplina — não por falta de vocação, mas por excesso de um sistema que os desumaniza. Na era da inteligência artificial, continuar avaliando estudantes por memorização e resistência física em provas intermináveis é como tentar abastecer uma usina solar com carvão — um anacronismo travestido de tradição. A escola pré-IA propõe o oposto: ensinar a pensar antes de reproduzir, sentir antes de calcular e criar antes de consumir.
FAIXA ETÁRIA /
ERA |
VISÃO GERAL |
EIXOS FORMATIVOS |
PRÁTICAS E
LINGUAGENS |
AVALIAÇÃO /
AMBIENTE IDEAL |
FAIXA I — 2 a 6 anos |
Aprender o mundo com todos os sentidos. O foco é descobrir, não
decorar. |
Alfabetização Sensorial e Emocional |
observação contínua, portfólio e rodas de conversa.
Observação continuada – o foco é na evolução, não na nota. |
Escola-aldeia — aberta, natural e coletiva. Praça do Pensar:
área de debates e assembleias escolares. Horta e Oficina de
Impacto: aprender com a terra e pelo fazer. |
FAIXA II — 7 a 11 anos |
O aluno começa a se ver como sujeito pensante e social. Aprende a
perguntar mais do que responder. |
Linguagens e Comunicação Crítica |
projetos de investigação e feiras de conhecimento crítico.
|
Escola-laboratório —
interdisciplinar e aberta. Sala-Lab: lugar de descoberta, não de carteiras
enfileiradas. |
FAIXA III — 12 a 15 anos |
Quando a curiosidade vira consciência e a imaginação vira projeto.
Aqui nasce o cidadão digital-crítico — não o operador de app. |
Pensamento Crítico e Ética Digital |
portfólio de trajetória + projeto de impacto. Mostra pública
(seminário, exposição, plataforma digital). |
Escola-rede —
conectada à comunidade e ao mundo.
Atelier de
Humanidades: integração entre arte, ciência e filosofia. Caverna Digital:
laboratório de IA ética e narrativa multimodal (com IA como parceira, não
professora). |
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