Pedagogia do Oprimido de Experimentação Interativa na Era da IA: Por uma Educação que não concorra com poder de memória da IA

Uma proposta de tese de doutorado aos meus seguidores para repensar a educação no século XXI 

O Paradoxo Revelador 

 Se uma IA resolve a prova do CNU/FGV em 2 minutos enquanto um humano leva 6 horas, o problema não está no aluno — está no modelo de ensino. O sistema educacional ainda reproduz a lógica fabril da obediência e da memorização, tratando o saber como mercadoria e o silêncio como virtude. Na era da inteligência artificial, insistir em provas que premiam a capacidade de decorar e em grades curriculares extensas sem profundidade é como tentar alimentar uma usina solar com carvão: anacronismo disfarçado de tradição. 
 
A Urgência de um Novo Paradigma Educacional

 Precisamos de um modelo educacional radicalmente diferente — uma pedagogia que una experiência, criatividade e diálogo, em vez de submissão e repetição. Uma base educacional enxuta e profunda, adequada aos tempos de bancos de dados quânticos e processamento exponencial de informação. Não por acaso: foi a física quântica que, a partir de 2017, permitiu acelerar a quantização dos bancos de dados que alimentaram todos os modelos generativos de IA. O século XXI será o século da quantização da memória — e a educação ainda está presa ao modelo analógico do século XIX. 

 Paulo Freire e a IA: Um Diálogo Necessário 

Por mais que pareça anacrônico, essa proposta se inspira na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, para quem ensinar é um ato de libertação — jamais de domesticação. Freire denunciava a "educação bancária" que transforma: 

• Alunos em depósitos de conteúdo

• Professores em despachantes de autoridade 

• O saber em mercadoria inerte 

A IA, paradoxalmente, nos oferece agora a chance histórica de romper com essa lógica: se o algoritmo pode armazenar tudo, o papel humano passa a ser sentir, criar, questionar e intervir — não decorar. 

Pedagogia do Oprimido de Experimentação Interativa 

Surge assim a proposta de uma Pedagogia do Oprimido de Experimentação Interativa: articulação entre a visão freireana e a era digital, onde se aprende pela vida, pelo erro, pela interação e pela transformação do mundo. Três pilares fundantes: 

1. Experiência interativa como método Aprender fazendo, errando, interagindo, refletindo — não ouvindo passivamente. 

2. Diálogo como estrutura O silêncio imposto é metáfora da opressão pedagógica; o diálogo, da libertação. Como disse Freire: "Ninguém educa ninguém — educamo-nos em comunhão." 

3. Tecnologia como mediação emancipatória A IA pode ser ponte ou muro nesse processo. Cabe à pedagogia decidir qual caminho trilhar.

A Lógica dos Games como Modelo Educacional

A educação deve incorporar a dinâmica dos jogos — não como distração, mas como modelo de engajamento, propósito e agenciamento:

O jogo, como a vida, é experiência em fluxo

Exige estratégia, colaboração, tentativa, superação

Não pune o erro: transforma-o em aprendizado

Se uma pesquisa atesta que um professor precisa de uma hora para fazer os alunos prestarem atenção, talvez o que falte não seja disciplinação, mas proposição coletiva de conhecer e propor.

O tédio não é falta de caráter — é falta de sentido.

Questão de Pesquisa (Tese de Doutorado)

Tema Central:

Como integrar a pedagogia freireana com as dinâmicas da IA e do aprendizado baseado em jogos, criando um modelo de educação emancipatória que substitua:

• A lógica da obediência pela do pertencimento

• A do medo pela da curiosidade

• A da memorização pela da criação

Referencial Teórico (Base)

Fundamentos filosóficos:

• Paulo Freire — Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Autonomia

• Ivan Illich — Sociedade sem Escolas

• Bell hooks — Ensinando a transgredir

Teorias da aprendizagem:

• Construtivismo (Piaget, Vygotsky)

•  Conectivismo (Siemens)

• Aprendizagem baseada em jogos (Gee, McGonigal)

Tecnologia e sociedade:

•  Física quântica e computação (bases da IA)

•  Estudos críticos de tecnologia (Morozov, Noble)

•  Ética da IA na educação (Holmes, UNESCO)

Contribuições Esperadas

Teóricas:

•  Atualização da pedagogia freireana para o contexto da IA

•  Modelo conceitual de educação emancipatória digital

Práticas:

•  Protótipos de ambientes de aprendizagem

•  Diretrizes curriculares para educação do século XXI

Sociais:

•  Democratização do acesso a educação de qualidade

•  Formação de sujeitos críticos e autônomos frente à tecnologia

Contexto e Justificativa

Por que agora?

1.Crise do modelo tradicional — evidenciada pela pandemia e pelo avanço da IA

2. Janela de oportunidade — antes que interesses mercadológicos capturem completamente a agenda da IA na educação

3. Urgência ética — evitar que a tecnologia aprofunde desigualdades e alienação

4. Demanda social — juventude desengajada exige novo pacto educacional

 Provocações Finais

Se a IA pode fazer provas, para que servem as provas?

Se o Google guarda todo conhecimento, para que decorar?

Se o ChatGPT escreve melhor que a média, o que é escrever bem?

Se algoritmos decidem por nós, como formamos sujeitos autônomos?

Essas não são perguntas retóricas — são dilemas pedagógicos urgentes que exigem práxis transformadora, não discursos vazios sobre "inovação".

Conclusão: Educar é Libertar

No fim, educar continua sendo o mais revolucionário dos atos: libertar o desejo de aprender — não domesticá-lo.

A tecnologia não é neutra. A pedagogia, tampouco.

Entre a IA que emancipa e a IA que domina, há uma escolha ética, política e pedagógica.

Esta tese propõe trilhar o caminho da emancipação — onde o algoritmo serve ao humano, não o contrário; onde a escola forma sujeitos históricos, não objetos programados; onde o conhecimento é práxis libertadora, não mercadoria alienante.

Porque só uma educação verdadeiramente crítica pode formar cidadãos capazes de programar — em vez de serem programados — pela tecnologia.

Para Reflexão

"A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." — Paulo Freire

"O futuro já chegou — só não está distribuído de forma igual." — William Gibson

"Não há tecnologia neutra. Toda tecnologia serve a um projeto de mundo." — Shoshana Zuboff

Convidamos educadores, pesquisadores e interessados a dialogar sobre esta proposta. A educação emancipatória se constrói coletivamente — ou não se constrói.



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