França é 1º país a reconhecer poder informativo de jogo visto só como lazer
Atualizado às 19h48 - 29/06 Menos de uma semana de nossa última postagem sobre o poder informativo do futebol, a França – morada do Iluminismo e Renascimento – surpreende o mundo ao surgir como o primeiro país a reconhecer a influência informativa do esporte explorado comercialmente pela Fifa. Embora para milhões de fãs do mundo inteiro o futebol seja encarado como mero entretenimento e lazer, a natureza do próprio jogo abriga um poder de emular informação que extrapola em muito as circunferências dos estádios, apesar do descaso com que a questão vem sendo tratada pela própria entidade responsável pela monetização do jogo mais jogado do planeta. Esta semana a Assembleia Nacional da França fez uma convocação formal do técnico da seleção francesa, Raymond Domenech. Na reunião com cara de sabatina, Domenech foi obrigado a dar explicações públicas sobre as razões do fiasco da França no Mundial da África, onde a equipe foi eliminada ainda na primeira fase da competição. Do alto de sua capacidade de enxergar o futebol além do jogo em si, os políticos franceses consideram que a imagem do país saiu bastante arranhada com o vexame francês na Copa do Mundo. Nesta mesma semana, a Nigéria também se curvou em reconhecer o valor informativo do futebol para muito além das quatro linhas do famoso tapete verde. De forma unilateral, o governo nigeriano decidiu retirar a seleção do país de qualquer competição internacional. Tudo porque a atual seleção nigeriana foi muito mal no mundial sediado em solo africano, amargando a última colocação entre as 32 equipes participantes. Para as autoridades nigerianas, o fracasso no jogo de futebol atingiu em cheia a imagem já bastante desgastada de um país que ainda luta para sair do apartheid fruto de sua pobreza social. A punição tem duração de 2 anos, até que a Federação de Futebol da Nigéria possa se reorganizar. No México, a informativa do futebol ameaça a vida dos familiares do jogador Osório, aquele que teria falhado no segundo gol da Argentina pelas oitavas de final. Um caso semelhante mas com final trágico ocorreu após a eliminação da seleção colombiana precocemente da Copa dos Estados Unidos, em 1994. O jogador Escobar foi morto por compatriotas por ter sido responsabilizado pessoalmente pelo fracasso de uma equipe que tem outros 10 jogadores para supostamente dividir qualquer culpa de sucesso ou não. Sobrou até para o português Cristiano Ronaldo. O melhor do mundo em 1998 recebeu toda a fúria dos torcedores após a derrota de Portugal para os vizinhos espanhóis, o que adiou o sonho de repetir pelo menos o feito de 1966, quando os nossos patrícios ficaram em 3º lugar na Copa da Inglaterra. Sem querer fazer aqui qualquer juízo de valor político-ideológico sobre quaisquer decisões tomadas pelos estados nacionais mencionados acima, o fato é que o futebol há muito tempo emula informações que influenciam o destino político, econômico e social de muitas nações que em torno dele orbitam. Agora ainda mais por força do poder e alcance dos suportes midiáticos. Com advento da convergência das mídias, nenhum jogo mais tosco que possa aparentar deixa de ser um vetor informativo com poder de influenciar outros extratos sociais que não permeiam necessariamente a esfera nada singela da Jabulani – a bola mais comentada de todas as copas.
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