Jogadores, torcedores e imprensa não entendem nada do jogo do qual são fãs


Atualizado às 08h04 - 05/07
Após a eliminação do Brasil da Copa do Mundo, o narrador de futebol da TV Globo, Galvão Bueno, disse categoricamente que a derrota de 2 a 1 da Seleção Brasileira para a Holanda não passava de um mero jogo de futebol. Talvez o nobre narrador disseste isso como forma de amenizar a dor dos brasileiros. Em cifras, o país já perdeu 85 milhões de reais em produtos encalhados ligados à copa do mundo por conta da eliminação precoce do Brasil. De qualquer forma, a maioria dos jornalistas, comentaristas, jogadores e técnicos de futebol não entendem nada de futebol. Mas como isso é possível? Muito simples! A maioria das pessoas leigas ou não encara o futebol apenas como lazer e entretenimento. E na verdade não é! O futebol vai muito além de uma simples partida em si. Em geral, o jogo de futebol, em função de sua amplitude midiática, se reveste de uma aura informativa que não existe em nenhum outro jogo conhecido. Tem uma capacidade inigualável de versar imaginários bons e ruins, com uma força tão grande que a maioria das pessoas prefere vê-lo apenas como lazer de quarta e domingo. Eis o medo que a alienação que esse mesmo jogo pode proporcionar... Embora seja bastante óbvio, a conquista do tricampeonato em 1970 foi logo desvinculada pelos jogadores dos mesmos propósitos dos governos militares, inclusive, por Tostão, que hoje percebe no futebol também uma porção maligna de alienação do povo por força de suas estonteantes imagens. Tanto poder já justifica a presença de mais de 300 profissionais de imprensa só do Brasil na cobertura da seleção durante a Copa da África. Contudo, muitos de nós não entendem nada de futebol, embora sejamos pentacampeões mundiais. Um deles é Dunga, técnico encomendado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para colocar ordem na casa depois do desastre de 2006. Dunga implantou um modelo gerencial usado para motivar funcionários de empresas em processo de falência. Trocou os pés pelas mãos! Não fez uma coisa, nem outra. O Brasil saiu pelas portas do fundo da África, embora a CBF tenha saído fortalecida com os cofres cheios. Na verdade, o Dunga e toda a patota da CBF não querem saber da amplitude informativa que a marca do futebol brasileiro emana. Claro, nada começou na era Dunga. Mas nos tempos de um negro chamado Pelé. Antes da Copa de 58, o Brasil vivia à sombra da Argentina. Bastou um lance genial de Pelé para fazer ruir o frágil imaginário argentino, que até então assombrava a América Latina com sua empáfia militar. A partir daquele instante surreal, o Brasil deixa para trás a sua longa história de patinho feio para assumir um posto importante de liderança na geopolítica mundial. E o que um simples jogo de futebol tem a ver com isso? Tudo! A imagem criada por Pelé foi assustadoramente grande que, somadas a tantas outras sem tanta visibilidade assim, redefiniram a cotação internacional dos produtos que tem a chancela brasileira. Entre todos os produtos comercializados pelo Brasil no exterior, a imagem da Seleção Brasileira reluz sem retoques. Assim como Dunga, o jogador Felipe Melo não entende nada de futebol, dentro de campo e fora dele. Ao ignorar a responsabilidade de defender a camisa do Brasil com dignidade e respeito, assim como fizeram os uruguaios contra Gana, ele e muitos de seus colegas de seleção, jogaram apenas como se o futebol fosse só mais um jogo. Ao cavar a sua própria expulsão no momento em que seus colegas e nós mais precisávamos dele, o jogador deu as costas não só para si, mas para um país inteiro. Cuidado! Ele (e muitos de nós) ainda não sabe que um simples jogo de futebol é muito mais que as suas belas imagens sugerem... E sob esse prisma, Tostão também não entende nada de futebol!

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